Para começar um filme sobre um tema transversal. A pessoa do filme em questão não conseguia se encaixar na realidade da sociedade, e por afim acaba aclamado por todos.
John Nash (Russell Crowe) é um gênio da matemática que, aos 21 anos, formulou um teorema que provou sua genialidade e o tornou aclamado no meio onde atuava. Mas aos poucos o belo e arrogante Nash se transforma em um sofrido e atormentado homem, que chega até mesmo a ser diagnosticado como esquizofrênico pelos médicos que o tratam. Porém, após anos de luta para se recuperar, ele consegue retornar à sociedade e acaba sendo premiado com o Nobel.
Segue o trailer do filme.
A ciência acabou por se desenvolver tanto de modo a trazer vantagens e desvantagens. As vantagens são de modo a divisão do trabalho e a inovação tecnológica, as desvantagens vem com a superespecialização e profissionais da educação não conseguirem trabalhar com áreas de conhecimento diferentes de suas especialidades.
Descartes estruturou o conhecimento em método científico, onde tudo poderia ser matematizado, dividindo a análise em partes cada vez mais simples para o estudo do todo. Entendendo cada parte do sistema, iria entender-se o sistema como um todo.
Assim nasce a divisão disciplinar, a estruturação em diversas disciplinas que passam a estudar cientificamente as diferentes classes de fenômenos do universo. Surgiram assim as especialidades. E cada vez mais os especialistas foram especializando-se. O paradigma da simplificação foi a forma concebida de ver a realidade.
Normalmente as instituições de ensino dividem o tempo e o espaço em dois momentos: Aquele dedicado a mente (aprendizado de conteúdos) e o momento dedicado ao corpo (fora de sala de aula). Da mesma forma os conteúdos são separados em humanas, ciências e cultura, assim cada vez mais as instituições necessitam de professores especializados. As universidades estão estruturadas de forma a atender a demanda de especialistas requeridos pelas escolas. Nesse sistema o corpo do aluno não se movimenta, pois é visto como inadequado para uma boa aprendizagem, somente a mente trabalha.
A escola de hoje formaliza o estudo, mas afasta-se do objeto de estudo. O aluno aprende tudo de forma abstrata, onde os autores capturam parte do conhecimento concreto e buscam a melhor maneira de formalizá-los, para que possam ser impressos em livros. Então os professores ensinam a realidade abstratamente e é cobrado nos exames a aprendizagem de conteúdos abstratos, por isso não deve haver movimento do corpo, pois assim se pode “conhecer o mundo”.
O pensamento simplificante e a forma abstrata de ver o mundo acabam por distanciar estudante e professor do processo educativo. Todas essas ideias apontam o esgotamento do modelo cartesiano de ver o mundo.
A partir do século XX percebeu-se que as disciplinas tradicionais não conseguiam explicar a complexidade dos fenômenos do mundo e as especialidades começaram a precisar umas das outras. Assim o conhecimento precisou ser interdisciplinar ou multidisciplinar.
A interdisciplinaridade ocorre quando existe troca e cooperação entre profissionais.
A multidisciplinaridade ocorre quando em determinado fenômeno a ser estudado, solicita o apoio de diferentes disciplinas para explicá-lo. A ecologia é um exemplo de disciplina multidisciplinar.
Existe também o termo transdisciplinaridade que são temas que ultrapassam a própria articulação de disciplinas e assim não encontra nenhum campo já constituído.
Isso não significa que devemos ser generalistas, pois para ser inovador, não se pode descartar a especialização. O que na verdade falta é saber trabalhar com áreas de especialização distintas das quais a pessoa é especializada.
Os objetivos gerais da educação são 2:
- Instrução
-Formação ética
Infelizmente a formação ética é deixada em segundo plano pela escola, e os professores dizem que formam cidadãos apenas instruindo os alunos sobre conhecimentos construídos historicamente pela humanidade, mas não formam eticamente os cidadãos que viveram nas sociedades contemporâneas.
A escola deve ser democrática, inclusiva e de qualidade preparando crianças e adolescentes para a participação na vida política e na vida pública, garantindo uma vida digna não só para aquela pequena parcela da população que tem ótimas oportunidades.
Uma pessoa deve exercer a cidadania, e para que ela consiga exercer de fato, precisa de competências que vão além do conhecimento e do cumprimento de leis e regras de instituições sociais. Vemos então a transdisciplinaridade, e essa será uma nova maneira de se conceber a formação e a educação em valores na escola.
Texto retirado de:
ARAUJO, U.F.(2003). Temas transversais e estratégia de projetos. São Paulo: Moderna. p.7-33.
Para terminar uma transversal do tempo.
Transversal do Tempo
Elis Regina
As coisas que eu sei de mim
São pivetes da cidade
Pedem, insistem e eu
Me sinto pouco à vontade
Fechada dentro de um táxi
Numa transversal do tempo
Acho que o amor
É a ausência de engarrafamento
As coisas que eu sei de mim
Tentam vencer a distância
E é como se aguardassem feridas
Numa ambulância
As pobres coisas que eu sei
Podem morrer, mas espero
Como se houvesse um sinal
Sem sair do amarelo
Para saber mais:
FILME - O PONTO DE MUTAÇÃO
www.clubedoprofessor.com.br/transversais/
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